Em homenagem ao Dia Internacional da Mulher, hoje, vamos mostrar um pouco a história de uma, dentre tantas guerreiras femininas, que lutou em busca de igualdade e valorização deste gênero, Pagu, uma mulher revolucionária que desafiou a sociedade oligárquica dos anos 30.
Pagu, revolucionária e jornalista brasileira:
Patrícia Rehder Galvão, conhecida como, Pagu, foi uma jornalista inteligente e bonita de 18 anos, foi um dos pivôs da revolução que ocorreu na década de 30, sacudindo todo o país e a sociedade oligárquica, cujo o poder vinha diretamente da política café com leite, ao defender com garra a antropofagia de Oswald de Andrade, a libertação sexual feminina e a busca pelos direitos da mulher.
Pagu, nasceu em , no interior de São Paulo no dia 9 de junho de 1910. Em sua trajetória, ela arrecadou diversos títulos como: escritora, jornalista, poeta, desenhista e militante. Teve grande destaque no movimento modernista mesmo sem ter participado da Semana da Arte Moderna, já que nesta ocasião tinha apenas 12 anos. Além disso, Pagu, foi a primeira mulher presa no Brasil por questões políticas.
Aos 15 anos, Patrícia Galvão já colaborava com o jornal a escola, Brás Jornal, assinando o pseudônimo de Patsy. Seu apelido, Pagu, foi dado por Raul Bopp, ao dedicar a ela o poema “Coco de Pagu”.
A jornalista entrou para o movimento modernista devido a imprensa e ao romance badalado com Oswald de Andrade. Em 1931, o casal lançou “O Homem do Povo”, onde faziam severas críticas à sociedade paulista. No final da década de 30, objetivando a ampliação de sua voz, Pagu e Oswald se afiliaram ao Partido Comunista Brasileiro, no entanto, era vista como sensacionalista, irritando alguns membros tradicionais do PCB. Ao participar de uma greve de estivadores em Santos, ela foi presa, ficando sem o apoio do seu partido.
Foi assim que nos anos 40, ela saiu do partido e passou a escrever texto como a finalidade de mostrar o futuro das mulheres daquela época. Assim, ela criava artigos e desenhos para a Revista da Antropofagia discursos voltados para mostrar que a mulher só conhecia o casamento, tornando-se propriedade do marido. Além dos temas amorosos, Pagu também era referência quando o assunto era a situação das trabalhadoras menos favoráveis do Brasil, inspirando assim, outras artistas. Seu trabalho de maior repercussão foi o “Parque Industrial” com o pseudônimo de Maria Lobo, relatando a sobrecarga das mulheres do subúrbio paulista.
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A jornalista e o mundo:
Depois de tanta luta, com o corpo e a mente cansados, Pagu resolveu viajar pelo mundo. Ao passar pela China, tornou-se uma das responsáveis pela introdução da soja no Brasil.
Quando foi visitar Paris, em plena segunda guerra mundial, ela se alistou como Leonnie najeunesse communiste do PCF. Assim, foi presa e ameaça de deportação para Alemanha ou Itália, onde seria assassinada pelos nazistas. Foi salva pelo diplomata Souza Dantas e voltou para seu país de origem, onde foi presa novamente por atacar o fascismo do local, ficando neste estado por cinco anos. Ao sair da cadeia, ficou profundamente em crise existencial.
Nessa mesma década, ela passou a integrar, A Vanguarda Socialista, junto com Geraldo Ferraz, com quem se casou e teve outro filho.
Entre os anos 1946 e 1948, Pagu passou a participar da equipe do suplemento literário do Diário de São Paulo, mais uma vez, usando seu dom da escrita para lutar a favor da cultura e das mulheres. Em 1952, frequentou a Escola de Arte Dramática de São Paulo, levando seus espetáculos a Santos, onde foi viver com sua família.
Ainda trabalhando com arte, ela foi diagnosticada com câncer, voltando para Paris, onde se submeteu a uma cirurgia sem resultados positivos. Desesperada pela doença, a escritora tentou suicídio sem sucesso. Voltou ao país, onde morreu no dia 12 de dezembro de 1962 devido à doença.
Pagu foi presa 23 vezes, onde era torturada, humilhada e vendo seus direitos sendo arrancados, ainda assim, não desistiu de sua luta, prosseguindo escrevendo e combatendo a sociedade como um todo em prol das mulheres, da cultura e dos menos favorecidos.
Em 2004, na cidade de Santos, a catadora de papel, Selma Morgana Sarti, encontrou muitas fotos e documentos da escritora Pagu e de seu marido em uma lixeira. Estes, atualmente, fazem parte do acervo da UNICAMP.